Obsolescência
Quando fui morar nos Estados Unidos, meus amigos saquearam minha casa: livros, cds e até, pasmem, fitas. Quis um monte de circunstâncias não-relacionadas que chamarei de destino que meu carro tenha apenas toca-fitas e rádio. Acabo ouvindo bastante rádio, já que não aguento mais as mesmas fitas que me restaram da década em que eu gravava fitas, 80? Elas são uma coletânea do Toy Dolls, uma do Motorhead, uma do nine inch nails e uma do Doors.
Aí voltando do almoço passo em uma loja de discos cheia de teias de aranha e pergunto se eles tem fita. Fita? pergunta o dono com espanto, que fita? Fita, respondo, fita cassete, de música. K7. O cara me olha com absoluto espanto, como se eu pedisse rolos de gramofone. E diz aqui a gente não trabalha com isso. Ah mas com CD o senhor trabalha? É.
Saindo por aí atrás de fita sinto-me o próprio estegossauro. Agora ar de superioridade vindo do iguanodonte ao lado, sob a sombra do meteoro, só dando risada.
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