Snowboard no Canadá (Revista ONNE)
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| Terça-feira, 7 de março de 2006 RENATO KAUFMANN *
| Não há nada que se compare a uma semana, ou duas, de snowboard em Whistler-Blackcomb, estação de esqui na Colúmbia Britânica, no oeste canadense. È longe, muito longe, mas vale a pena.
A primeira coisa a fazer é usar suas milhas pra fazer um upgrade na sua passagem. Incluindo conexões, espera em aeroporto e parte terreste, leva praticamente um dia inteiro pra chegar lá, então qualquer conforto extra compensa. Se você não tem milhas, não se preocupe, depois dessa viagem você será “milionário”. Um comprimido pra dormir pode encurtar bem a viagem, a não ser que você seja propenso ao “Sonambulismo do Dormonid”, que faz com que a vítima perambule pelos corredores do avião como uma assombração, balbuciando coisas completamente desconexas, sem a menor idéia sobre onde está, ou onde estão suas roupas.
Chegando a Vancouver, onde qualquer lugar é um cartão postal, existem diversas opções de transporte até Whistler. Vale saber que o preço da limusine ou uma van equivale a umas quatro passagens de ônibus. E em menos de duas horas você está lá.
E que país peculiar! O segundo esporte nacional, chamado Curling, parece uma mistura de bocha, boliche e mania de limpeza. Funciona assim: numa longa pista de gelo, alguém corre um pouco, equilibra-se numa vassoura e empurra uma grande chaleira de pedra sobre pista. Nisso todo mundo começa a varrer loucamente o chão, na esperança que a chaleira fique perto do centro do alvo. O terceiro esporte, o Hóquei, é bem parecido, exceto que não tem chaleiras e os jogadores se agridem com as vassouras. E o primeiro, claro, é o Esqui.
Assim chegamos ao que interessa, a montanha. Na verdade são duas – Whistler e Blackcomb, que juntas são possivelmente uma das maiores áreas esquiáveis do mundo. Tem 33 teleféricos, mais de um quilômetro vertical. Do topo até a base, dá pra fazer percursos de mais de seis quilômetros. Pra quem gosta de voar, são dois half-pipes e cinco “terrain parks”, começando no “Terrain Garden” e crescendo em tamanho até o “Nintendo Highest Level Terrain Park”, que é como o mais selvagem dos videogames, mas em que todos os game-overs são definitivos. Para este, precisa de um passe especial, capacete, e absoluta ausência de medo.
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Dentre as duas montanhas, Blackcomb é mais indicada para o Snowboard, já que tem menos retas e subidas – aquelas coisas que um esquiador resolve patinando e dando impulso com os bastões, e que um snowboarder, com uma perna presa e outra solta, arrasta-se com esforço. Ainda assim, Whistler tem certas áreas, chamadas de “bowls” porque acumulam muita neve, que são visita obrigatória a qualquer um com nível intermediário ou acima. Em Blackcomb, é | | |
essencial visitar as geleiras, cujas neves eternas que continuam abertas a esquiadores e snowboarders mesmo no verão.
Para chegar lá, precisa de três teleféricos de cadeirinha e um de chão. Este, ao invés da cadeirinha, tem um longo fio e uma âncora de plástico, que arrasta duas pessoas até em cima – não sem certo sufoco.. Depois disso, mais um cinqüenta metros de caminhada, morro acima, e a geleira é sua. Os mais aventureiros podem continuar subindo, o que de botas e equipamento no ombro não é nada fácil, até a beira da exaustão, de onde podem descer por áreas pouquíssimo acessadas, e onde a neve é muito funda. Descer lá causa uma sensação comparável apenas com a de voar em sonhos.
Quem não tem espírito aventureiro não precisa se preocupar, já que em Whistler a neve é abundante, as filas são pequenas (especialmente se comparadas à estações americanas como Vail e Aspen), e os restaurantes no topo das montanhas são ótimos. Combinações de café com rum ajudam a combater os efeitos do frio, mas fazem pouco pelo seu slalom.
Na viagem de volta, deixe o comprimido para dormir de lado. Você vai estar tão cansado que não terá problemas em desmaiar no avião para então sonhar com a temporada do ano que vem em Whistler Blackcomb.
* RENATO KAUFMANN é sócio da produtora de animação 3D Espaço Tempo e pratica snowboard nas (poucas) horas vagas
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