quinta-feira, 29 de março de 2007

Madrugada sobre a neve

Na sexta que cheguei aqui caiu a ultima nevasca da temporada.
duas da manha: resolvi atravessar a quinta avenida por trinta quarteiroes.
(tb conhecido por voltar pra casa a pe)

aquele lugar que esqueci o nome


ruas fechadas


monstros s/a


arthur D2 nas caixas de correio, olhando guarda-chuvas revirados


o coitado deve ter varrido isso sozinho


"hey bruce onde eu colocar isso??"


a medida que descemos a avenida a neve fica mais funda

ja na porta de casa

em breve o brancor virginal da neve fica meio sujo

quarta-feira, 28 de março de 2007

Cantaloupe Lassie

dia estranho. meu socio foi ao medico e nao veio trabalhar. fiquei usando o computador dele, ja que o meu pifou e em algum lugar eh como se eu estivesse usurpando o tal lugar. afe.
Depois fui com chloe para um bar chamado piano, recheado de mulheres lindas mas o que me importa? assinei um termo liberando o uso da minha imagem em comerciais da cassio. Falei pra alguem que eu tive um relogio casio aos 10 anos. Ao menos os drinks eram gratis e a banda era muito boa - alta, rapida energetica. tenho fotos, ainda que nenhum lugar para descarrega-las. Na longa caminhada para casa me dei conta de muitas coisas, comecando por como eu gosto de andar (independente de estar ultra-feliz de meramente poder faze-lo), e passando pelo fato de que sou melancolico por natureza. Quanto mais duramente eu protejo meu coracao mas eu me dou conta que ele eh fragil demais pro meu gosto. Ontem andei pela rua como qualquer pessoa, alheio aos raros sorrisos e me senti na minha infancia, sempre circulando e nunca participando. Quando eu morava no rio, em uma rua fechada, nas poucas vezes que fui pra pracinha comum, fingia que estava pesquisando botanica ou sei la o que, qualquer coisa que me desse um proposito de estar la que nao implicasse em ir falar com as outras criancas. Sempre fui o outsider, algumas vezes por falta de opcao, outras por habito, algumas por timidez (senao todas). meu ouvido ainda faz zuim do show, que segundo o filme ruim que vi recentemente, children of men, um cuaron inferior (ao que, ja que ele nao sai da ladeira abaixo?), o zuim era o som das celulas auditivas morrendo, um verdadeiro canto do cisne e a ultima vez que ouco algum som nessa frequencia. No caminho para casa tocava the cure (novamente o mar verde e profundo) o que nao deixa de ter sua graca, considerando os varios circulos que se abrem, fecham e dao voltas. Chegando em casa liguei para o tequila mas nao tive o privilegio de ouvir uma voz amiga, que as vezes eh o que basta independendo do conteudo. Como eh estranho e familiar estar aqui...
(quem adivinhar o que eh cantaloupe lassie ganha um paragrafo)

outro bukowski emergido

Oh, yes
there are worse things than

being alone

but it often takes decades

to realize this

and most often

when you do

it's too late

and there's nothing worse

than

too late.

Ghosts

O mundo da voltas e a memoria eh um biografo senil...
Transferindo emails antigos para o gmail alguns emails anciaos sabe-se la porque emergem na inbox.
Estou embasbacado com cada coisa que eu leio, reflexos de outras vidas, viagens...
Ha horas que acho que vou achar acucar na cumbuca e encontro apenas um caldeirao de virulencia, injustica e ameacas maleficas e fico novamente horrorizado como se pela primeira vez.
Tem coisas que eu nao sei porque nao apago mas depois eu sei. O dito eh indesdizivel.
A espiral tem disso: parece que orbita em circulos mas a cada volta fica mais distante do centro. Um centro ideal, irrecuperavel, irrevogavel. Quem tem dificuldade com o luto nao deveria passear em cemiterio...
ou deveria?

tico e teco, impostores!



Essa eh a primeira de muitas fotos que ainda vou tirar desses magnificos bichos.
Mas confesso que soube de algo que me chocou profundamente: Tico e Teco NAO SAO esquilos.
Veja, esse eh um esquilo (squirrel). Repare na lacaniana cauda peluda.
O TicoeTeco nao tem cauda longa. Fui pesquisar e descobri que eles sao Chipmunks, um bicho que nao tem no brasil. Se tivesse ia chamar esquilo do mato ou sei la, mas nao seria a mesma coisa. Voltando aos esquilos de verdade: o bicho eh ultra rapido, saltita pela grama como um golfinho, e vem pegar amendoim na mao!!!
eu queroooooooooo

terça-feira, 27 de março de 2007

Cosmic Cantina



Meu almoco de sabado:
Steak Burrito Deluxe (guacamole e sour cream)
Cervezita Dos Equis
e Nachos de verdade (dorito feito em casa)

segunda-feira, 26 de março de 2007

Spring sun


o que sera que tem dentro daquela pequena escotilha...
outra saida de emergencia?

sexta-feira, 23 de março de 2007

aeschylus

Sexta a noite, continuo sem acentos.
Tempo estranho, crono e meterologico. A primavera chegou e aposto que no proximo raio de sol os novaiorquinos ja estarao de roupas de baixo no gramado mais proximo. A neve quase se foi, casacos grandes ja sao excecao e alguns malucos de camiseta, malucas de saias...
Uma semana e nada aconteceu exatamente como eu gostaria.
Meu velhinho esta bem, mas abalado e vai sofrer intervencoes de risco. Posso contar pouco com ele. Fora isso em um mes a mulher dele vai operar algo tambem. Ele me disse I'm not afraid mas me parece obvio que ele esta um pouco apavorado. Eu por outro lado disfarco minha grande apreensao com os comentarios mais encorajadores que consigo fazer. A essas alturas esse homem eh quase um avo para mim, e tambem um grande amigo.
Almocei com paulinha e senhor no zen palate. Meu prato principal era horrivel (tasty malay) , pareceia um enrolado de temaki de frango vegetariano, argh, os acompanhamentos eram divinos, um rolinho de verao (cozido no vapor), arroz vermelho e brocolis, no delicioso molho do negocio horrivel. E foi um almoco agradavel, Sai satisfeito. na volta pra casa, bem em frente ao restaurante mas ali no union square park, fiz amizade com alguns esquilos. que bicho legal esse ticoeteco. Rapidos como um raio, agitados pelo furor primaveril, comem usando as maozinhas e chegam perto de quem olha pra eles por muito tempo. Queria levar um parzinho, pra mao-tse e pro lacan...

Supermercado nova era

Strange days have found us...
Uma amiga me obrigou quarta a ir com ela em uma loja "de coisas espirituais". Um verdadeiro supermercado da nova era. Fiquei abismado. Tinha um cara com dois poodles gigantes, mostrando livros pra eles e perguntando qual eles achavam melhor. Tinha pedras "de poderes misticos" lindas mas superfaturadas. A imbecil da minha amiga (digo isso com todo o carinho) estava procurando um taro egipcio americano. Ela achou o taro egipcio canadense mas disse que nao serve. Na sessao de livros, uma coisa mais impressionante que a outra "o que 9/11 nos ensinou sobre espiritualidade e negocios", "Guia pratico da viagem astral sem bagagem", passando por Groff, fractais (ai ai), musicas cabalisticas para aumentar a inteligencia dos tomates e mil copias em livro e dvd de um tal e estupido " The Secret".

Entao estou olhando um pendulo louco que faz mandalas absurdas e um velhinho papai noel hippie vem falar comigo sobre o xama nao sei o que. Ah, sim, sim, claro. Subi logo para tomar meu "Buddha Chai" gratuito, que nada mais eh que chocolate com tracos residuais de chai. Passei pela secao de produtos tibetanos e me encantei com os gongos e singing bowls. So que a singing bowl que eu gostei, que fazia um som fantastico, custava 150 doletas. Por uma cumbuca e um pilao de caipirinha? Nem que cantasse puccinni. Peguei a carla pelo braco, que discutia com a especialista em taros da loja e disse: vamos embora daqui logo que eu to emburrecendo a cada minuto!! JA!

quinta-feira, 22 de março de 2007

Uma conversa na mesa dos adultos, conforme imaginada na mesa das criancas

- artigo original e genial por Simon Rich na New Yorker


MAE: Passe o vinho por favor, eu quero ficar maluca

PAI: O.K.

AVO: Voces viram a politica? Ela me deixou brava!

PAI: Eu tambem. Quando acabou, eu fiz sexo

TIO: Eu estou fazendo sexo agora mesmo

PAI: Nos todos estamos

MAE: Vamos falar sobre qual filho a gente gosta mais

PAI: (rindo) Voce sabe, mas nao vai falar hein

MAE: Se me perguntarem de novo talvez eu fale

COLEGA DE TRABALHO: Hey, adivinhem! Minha voz eh muito alta!

PAI: (rindo) Existem monstros de verdade no mundo, mas quando meus filhos perguntam eu finjo que nao.

MAE: Eu Estou Brava! Estou subitamente brava!

PAI: Estou bravo tambem! Estamos bravos um com o outro!

MAE: Agora esta tudo bem.

PAI: Acabamos de ver o filme proibido pra menores. Era muito bom!

MAE: Tinha um grande sexo

COLEGA DE TRABALHO: Eu falo muito alto! Eu falo muito alto!

(todos riem)

MAE: Eu bebi muito vinho e agora estou maluca!

AVO: Hey, voces sabem como deus se parece?

TODOS: SIM!.

AVO: Nao contem pras criancas.



traducao - yours truly

quarta-feira, 21 de março de 2007

Blue Dragon




Dragoes existem...

(pelagic sea slug)
credito da foto

Wii tennis & PS3 angola: The UN meeting at Swankonia

Ao fim de um longo dia de trabalho assisti ao penultimo episodio de heroes. Caray o negocio eh muito bom. No mundo real reaparece Sameer Kapoor, embaixador da India e Sammy K original, que reunido em Swankonia com os embaixadores do Brasil e da Venezuela passou uma longa noite jogando esporte virtuais no wii, usando um controle sem fio para dar raquetadas de verdade. Temo ter abusado um pouco do meu ombro arrebentado mas o importante foi ter ficado em segundo lugar no tenis e quase em segundo no boliche. O dono do console sempre vence, e esses jogos costumam ser mais interessantes no mesmo nivel - dono com dono, ze com ze. Maniaco que eh, Carlos Gomes tambem tem um PS3. Neste jogamos umTekken apenas levemente melhor que o do ps2, mas o engracado eh uma personagem nova, carioquinha funqueira que joga capoeira de angola (o outro brasileiro joga capoeira regional). Ainda assim ela tomou um couro ate do urso panda. urso agressivo alias. Jantamos Rice balls e Guyozas e como de habito andei ate em casa, ou quase. Fiquei horas fritando na cama, pensando na vida e tal, e assim que pego no sono o maldito despertador toca: "... Get a rythm... when you get the blues... get a rythm.."

terça-feira, 20 de março de 2007

kirin ichiban

Passei a noite praticamente em claro e estava morrendo de sono na hora de acordar. Fiz a barba e levei uma mochila de vinte quilos ate o escritorio. Me assustei com meu velhinho de estimacao, cujas maos tremiam. maos tremem quando uma certa sombra do vale parece se acercar. Tem grandes chances que ele fique bem e torco por isso. Ainda assim, risco ha.
Apos a labuta fui a um bar chamado Le Infant Terrible, que serve picanha a tom jobim e mariscos do porto alegre, ao som de manu chao e garcons possivelmente hungaros. Encontramos um brother diretor de arte e botanista e foi bem divertido. Depois ao cinema assistir The Host, um tipo de king-kong subaquatico coreano, tao ruim que era engracado. Nunca vi tanta conveniencia em um so roteiro. Na volta trinta quarteiroes de caminhada ate em casa, cabeca a milhao, decidi nao ser valvula de escape pra ninguem. Ainda bem que ainda sobrou uma kirin ichiban.

(aprendi a fazer acentos no mac mas me recuso a apertar tres teclas pra conseguir um misero caracter acentuado. eh o cumulo do cumulo)

domingo, 18 de março de 2007

duas vezes no mesmo rio

Depois de quase um ano eh um prazer melancolico estar em ny de novo. Nem eu nem a cidade somos os mesmos, ainda que definitivamente sejamos. O rio nao eh o mesmo mas carrega o mesmo nome e fica no mesmo lugar. E o que eh o tal rio? certamente nao eh a agua, que corre e muda. E o que somos nos? certamente nao nossas celulas, que se renovam a cada oito anos.
O que rege nossas escolhas? o que rege cada curva que o rio faz?
A metafora vai ate certo ponto apenas.
A cidade eh um mapa de lembrancas por onde navego... a van que me trouxe deixou um japones no dormitorio onde eu morei quando entrei na NYU. A neve que caia parecia com outras neves que cairam, e andar pela neve me lembrou de outros lugares nevados por onde caminhei e por onde nao mais farei snowboard (melancolia).
Nao me arrependo de ter comprado a moto apesar de ter me arrebentado, e o mesmo vale para varias coisas que trouxeram resultados parecidos. (how many darkest moments and traps still lay ahead of us?).
Engracado como arrependo e arrebento sao quase homofonicas. Nao me arrebento apesar de ter arrepentado? Saco, odeio escrever sem acentos. Caminhando de volta pro apartamento comprei um sushi e cervejas kirin no mercadinho japones. Comi sozinho como quem realiza uma cerimonia do cha e me dei conta de quao poucos amigos me restam, de um modo geral, e em especial por aqui... O que as pessoas fazem depois que todos os amigos se vao, levados pela morte, ou pela vida?

sunday afternoon


ontem apareceram aqui a Sigrun, que foi a primeira pessoa que conheci quando vim morar aqui em 99, e sua irma. Ela continua brilhante e louca. Surprise. Mas estava cansado e desisti de ir com elas pra balada. Fui dormir e sonhei muito a noite inteira. Por que sera que parece que eu so sonho no exterior? Acordei, fui tomar banho de banheira e nao sei como derrubei tres revistas e o papel higienico la dentro, que estao secando sobre o aquecedor. Criei coragem e fui comer ukranian borscht e pirogies, estes minha avo chamava vareniks e fazia com perfeicao. Depois fui assistir the lifes of others, filme alemao muito muito bom e muito triste sobre a alemanha oriental e a stasi, a policia secreta. Serio, se eu nao estava deprimido antes de ver o filme now i am.

sábado, 17 de março de 2007

nao chove mas molha

"Por que esses imbecis estao todos de capuz? Isso eh neve, nao chuva."
Afinal como todos sabem so eu sou esperto.
Ta bom.
Cheguei encharcado...

sexta-feira, 16 de março de 2007

Sleety Sleet

Ei, onde vc vai, perguntam Ana e Tom, minha roomate e seu respectivo.
Ah, sair, dar uma volta.
Com esse tempo? o que voce vai fazer la fora?
Ue, e o que eu vou fazer aqui dentro? digo e saio rindo.
Em t-3 minutos, o tempo de descer os 6 andares de escada, ja me arrependo. O vento fustiga com agua e gelo, a calcada super escorregadia e o restaurante japones que eu ia fechou. O casaco de snowboard me protege mas as pernas tremem. Acabo entrando em um restaurante do tipo Zesty Thai, onde mesmo as coisas sem spice sao ultra-spicy, so porque estava aberto e era em frente. Nao eh a melhor opcao considerando as desventuras avionicas. Tomo um cha verde com paciencia oriental, na verdade sem pressa de sair do quentinho. E antes de sair ainda compro uma garrafinha de suco vermelho (cranberries, framboesas, morango, maca, roma, laranja e banana (?), alem de uvas vermelhas e algas vermelhas). E nao eh que essa sugarless gororoba tem gosto bom?!


(cara onde tem acento em macintosh?)


Slush - uma armadilha. Parece gelo, mas quando vc pisa seu pe afunda em agua congelada



Union Square


2nd ave / 13th st


Zesty Thai

mais uma da varig

Depois de anos fazendo o sacrificio de voar varig, mais uma agora:
Apesar de ter comprado american airlines (outra merda) onde sou um mero mortal e nao um portador de cartao ouro, fui pra salinha vip da varig/star alliance.

Pues que nao me deixaram entrar!?!??
Segue o seguinte dialogo:
- Mas como nao pode? eu tenho cartao OURO!
- mudaram as regras. agora so se voar varig
- isso deve ser porque voces estao falindo
- nao, estamos nos recuperando na verdade
- dizem. E NAO SE DEPENDER DE MIM!!

agruras de viagem

Saio de casa e pego o motorista de taxi mais chato do ponto, senao do mundo inteiro. Trazia em si os dois piores defeitos que um taxista pode ter: nao cala a boca e dirige aos soquinhos. O carro o acompanhava, nao tendo ar-condicionado, e o transito parado na marginal.

Na imensa fila da american airlines, no aeroporto, reconheco um amigo da mais tenra infancia, o Elio, que trabalhando na companhia ao menos me tirou da fila do check-in. E me deu o telefone de outro amigo de infancia que havia sumido ha decadas e que agora mora em miami. Fiquei feliz com isso.

No aviao da american o servico era horroroso e servido por bruxas. Depois da comida passei mal e fui vomitar. Tres vezes. Suando frio. Nunca tinha passado mal em aviao. Ainda bem que consegui por pouco chegar no banheiro, senao ia passar a viagem toda sentado e vestido em vomito. Eca.

Em ny pego uma van, para economizar vinte dolares, e ela leva tres horas pra chegar. Maldita economia...

Enquanto isso do ceu cai agua, ora neve, depois muita neve, a cidade esta fria e suja e molhada mas estou feliz de estar aqui, ou ao menos de ter acabado a viagem propriamente dita...

(Assim que consertar o micro passo a postar fotos.)

quinta-feira, 15 de março de 2007

um objetivo mor

"O homem feliz é aquele que ao despertar se reencontra com prazer e se reconhece como aquele que gosta de ser."
Paul Valéry

quarta-feira, 14 de março de 2007

Instituto Médico Legal

Passei várias horas no IML.
Ao contrário do que o nome sugere, o Instituto Médico Legal não é um braço dos Doutores da Alegria.
Longa espera numa sala cheia de gente estropiada, onde o tédio só era minimizado pelo ocasional desfile de algemados.
Já o exame de corpo delito foi tranquilo, muito legal o médico.
Só não precisava ter dito que meu pé não ia ficar bom e que eu nunca mais posso jogar futebol. (nem correr, nem levantamento de peso olímpico etc).

Isso não foi nada legal.
Ou pelo contrário, legal demais.

sexta-feira, 9 de março de 2007

o que me dói

O que me dói não é
O que há no coração
Mas essas coisas lindas
Que nunca existirão...

São as formas sem forma
Que passam sem que a dor
As possa conhecer
Ou as sonhar o amor.

São como se a tristeza
Fosse árvore e, uma a uma,
Caíssem suas folhas
Entre o vestígio e a bruma.

Fernando Pessoa, 5-9-1933

terça-feira, 6 de março de 2007

Revista Digital Designer - Projeto Templo de Hórus

E quem está na capa da edição deste mês da Revista Digital Designer?
Ninguém!
Só nosso lindo templo em 3D.
E lá dentro o arquiteto-gênio Aleks Braz, diretor de arte da TSI,
conta como surtou no egito e anos depois transformou isso numa imagem,
cujo processo ele disseca passo a passo.
Vale a pena.

sábado, 3 de março de 2007

de todos os placebos a homeopatia é o que mais funciona

de todos os placebos a arte é o que mais funciona
de todos os placebos a psicanálise é o que mais funciona
de todos os placebos a sanguessuga é o que mais funciona
de todos os placebos a religião é o que mais funciona
de todos os placebos a cápsula de farinha é o que mais funciona
de todos os placebos a astrologia é o que mais funciona
de todos os placebos a macumba é o que mais funciona
de todos os placebos a filosofia é o que mais funciona
de todos os placebos a música é o que mais funciona
de todos os placebos a certeza é o que mais funciona

sexta-feira, 2 de março de 2007

Juju e Fubá

Era uma vez,
Na cidadezinha de Jatobá
Na pequena vila do Limoeiro
Uma baixinha chamada Juju...
E seu amigo, Fubá

Desde filhote, Juju lhe dava comida
E muito carinho, e assim ele cresceu muito
Mesmo sem ter um dono

A mãe de Juju dizia
“não brinque com esse cachorro”
E o pai dizia:
“Sai pra lá seu babão”
E as outras meninas diziam
“AAAAAAAAAAaaaaaaahhhhh”
Enquanto corriam assustadas,
E Fubá fazia um muxoxo

Todos os dias, Juju voltava da escola
E encontarava Fubá esperando no caminho
Pronto pra pular de trás da cerca
E encher Juju de lambidas
Enquanto as outras meninas diziam
“AAAAAAAAAAaaaaaaahhhhh”
E corriam assustadas.

Até que numa sexta-feira, Fubá não veio.
Juju gritou seu nome até chegar em casa,
Mas nada dele aparecer
Ela sentou na porteira e desatou a chorar
E nem o carinho das suas amigas servia de consolo

Nisso chega Seu Antônio, o vizinho,
Que era mudo mas muito bom de mímica
As meninas davam palpites:
“um caçador de borboleta?”
“dirigindo um caminhão?”
Mas foi Juju quem primeiro gritou:
“A CARROCINHA!!!!”

Juju sai correndo, pelo atalho do quintal
E chega na rua movimentada onde a carrocinha vai passar
Mas a carrocinha não para
E ela fica olhando abobalhada e triste, no meio da rua
Sem perceber o enorme caminhão que se aproximava.

Fubá percebe o perigo e arrebenta a porta da Carrocinha,
Corre como um louco, pega juju pelo cangote
Salvando-a por um verdadeiro triz.

O homem da carrocinha tenta recapturar Fubá,
Mas o pai de juju da-lhe logo um nocaute.

Tudo termina na mesa de jantar, bolo e velinhas,
Fubá sentado no lugar de honra, com uma chuquinha no cabelo
e Juju do seu lado.

FIM