sexta-feira, 30 de junho de 2006

Meus anfitriões


Eles são super legais.

E eles tinham, coitados, uma adega ótima...

e queijos...


Mas quando eles vierem pro brasil vou repor tudo...

...Com cachaça e rapadura.

Sobre velhinhas e Pombos

Na Ilha de Outra-Ilha-Perto-da-Ilha-que-tem-notre-dame-sobre-o sena, encontramos essa singular velhinha, dedicando-se a alimentar os pombos, não com bitucas, mas o que parece ser arroz, mas por tudo que sabemos pode ser veneno de rato. Fiquei uma meia hora observando. Ela separa uns pedaços de pão pra uns outros passarinhos marrons, menores que as pombas mas mais espertos. Competem pelo pão, mas pegam e voam logo. Fiquei pensando, pq será que ela fica alimentando esses bichos, conhecidos como ratos do ar. E ao que me parece a resposta é simples - pela companhia. E tem algo de profundamente inumano no jeito que elas se mexem (pombas, não velhinhas). Olhando lá de cima, pensei em jogar cigarros pra essa senhora, mas acho que as pombas iam pegar tudo.

Notre Dame, vista da beira do rio Sena





















Na beira desse rio lindo, onde as pessoas fazem picnics, os músicos tocam sob as pontes conseguindo uma acústica legal, os barcos passam, e os pombos são todos uns assassinos.

Uma triste, pra compensar





















Aqui é no final da ilhazinha onde fica Notre Dame. É um memorial aos deportados da segunda guerra. E lá na frente do monumento, sentada, pequenina no banco, uma velhinha.

Fiquei curioso se ela vem sempre, e quem ela perdeu, e que histórias tristes ela teria, e qual o tamanho da solidão de alguém assim.

Mas não tive coragem de interromper esse momento.

Algumas coisas podem ficar apenas imaginadas. E as sombras parecem avançar sobre a pobre senhora...

Outra em Notre Dame...

- Não! Não me enterrem!! eu estou vivo!! vivoooooo!!!!

-Calaboca Zacarias! quem foi que estudou medicina, você ou o médico???

Ontem eu nem a vi...


Santa Joana D'arc. Sempre imaginei que fosse meio magrela. Mas olha só, um corpinho de jovem matrona...

(...nós só nos encontramos pra passear no parque... Ela me falou que andava ouvindo vozes, e que pra conseguir dormir sempre tomava algumas doses...)

Surfando nas nuvens

François Gazeau.
Expoisção sobre a Pont des Arts. Magnífico, fiquei super impressionado.
São composições lindas de fotos e texturas, nenhuma delas feita com computador.
Mais no site www.francisgazeau.com






Ó egípcios




Queridos egípcios: sim, nós saqueamos todos os seus tesouros nacionais.

Nós sabemos.

Mas eis aqui a nossa homenagem a vocês, bem no meio do museu onde nós exibimos esse maravilhoso butim... Pirâmides!!!


Não fiquem tímidos, sabemos que vocês gostaram... vai, mostra uma lagriminha pra gente...

Dos seus amigos, os Franceses.

Ópera

Parisienses, um minuto da sua atenção: Paris é linda, não é? Claro que é. Vocês sabem, eu sei, todos sabem. Então qual o problema? Por quê ficar estragando as coisas colocando detalhes dourados, horrivelmente brilhantes e novinhos em folha, enquanto todo o resto cai elegantemente aos pedaços? Esses douradinhos são péssimos, péééééssimos.
Deixem de ser revisionistas, o rei sol já morreu.

O cacete

Cara, como Francês é esquisito. Eles são muuuuito chegados num símbolo fálico. Esse aqui é na famosa Place Vendome. Um Cacete de uns 50 metros de altura, com direito a cabeça e prepúcio. Dá pra ser mais literal? Só com bolas. No alto dele tem um cara de saia e bandeirinhas da França...

jardin de (en)Tulleries



Um puta de um areal empoeirado.
No verão Parisiense, um dos passeios mais pega-niente possíveis.

Notre Dame, Ou Eles Sabem.

Desde criança, sinto um certo desconforto quando entro em igrejas. Fico com uma sensação que a qualquer momento vão descobrir que eu sou judeu e me colocar pra fora, ou pior...

Na líndissima Notre Dame não foi diferente. Eu gosto de Catedrais Góticas, só não entendo porque canto Gregoriano em vez de Sisters of Mercy. E poupem-me, não fiz nenhuma piada de corcunda.

Tirei fotos dos santos na entrada, vou nomeá-los, pra vocês saberem quem é quem.

Foto 1 (melhor ver ampliado - da esq pra direita)
São João-Sem-braço
São Bato-Com-Meu-Cajado-Na-Sua-Cabeça
São Meu-Cajado-é-Maior
São Garçom
São Juro-Que-Só-Tomei-Unzinho
São Cleptomaníaco-de-Toga


Foto 2
São Vim-Trazer-a-Espada
São Espada-Pesada-da-Porra
São Régua-e-Marmita
São Polindo-Cruz-De-Madeira
São A-Porra-da-Bola-é-Minha-e-Sem-Mim-Ninguém-Joga
São Vendedor-de-Enciclopédia

Notem que todos eles estão maltrando, ou menos de pé sobre, pequenas criaturinhas inocentes.
e no canto à direita: São Tira-a-Droga-do-Dedo-da-Frente-da-Lente

Apaguem essa merda, Pombas

Todo mundo aqui fuma. Todo Mundo. Os velhos, os jovens... as crianças... até os bebês em seus carrinhos dão suas tragadas e baforadas, fazem pose e deixando o cigarro pendurado na boca. Acho que até os passarinhos fumam. As Pombas ficam em volta das velhinhas não pelas migalhas, mas pelas bitucas, que disputam com os mendigos, que sim, os há.

E dá uma vontade louca de voltar a fumar, quase irresistível.

Aí eu pensei bem: vou voltar a fumar, justo aqui onde todo mundo fuma? Tem coisa mais Maria-Vai-Com-As-Outras possível? Vou voltar nada. Se fosse voltar a fumar seria nos Estados Unidos, onde o fumante é uma espécie de leproso, e você os vê, no maior frio, chuva e tempestade, encolhidos do lado de fora do bar, fazendo seus sinais de fumaça.

é tudo mentira

Descobri que a questão não é nem que os franceses são ecológicos, nem que gostam de moto. O problema é que não tem lugar pra estacionar. Nem vaga nem estacionamento. Sério. O sujeito compra um carro, passa 3 semanas dando volta no bairro sem encontrar uma vaguinha sequer, e enfim, desesperado, joga o carro no Rio Sena e é obviamente é multado por estacionamento proibido. Já as motos param em praticamente qualquer lugar. Mas o que acontece? Eles não gostam de moto. Eles preferem uma scooter, que não tem marcha – mesmo as de 600 cilindradas. Elas vêm com um saiote que cobre metade do corpo, e vidro na frente. Em sua última versão, as scooters tem teto, barra lateral e cinto de segurança. Já nem precisa de capacete, dizem.

E os carros? Todos pequenos, minúsculos. Mas a verdade é que eles gostam é de carro grande, tanto que vão pra América, aquele deserto, e se esbaldam nos carros enormes. Aqui, como não tem vaga, a tendência é o Smart Car. O negócio tem o tamanho de um carrinho de supermercado, quase. Tem dois lugares. Segundo dizem, dá pra estacionar de lado ou de frente na mesma vaga que tanto faz. Parece uma scooter de quatro rodas.

Aí o que o Francês faz? Põe uma puta panca que é tudo de propósito, que eles cuidam da ecologia. Carro pequeno, atitude grande. E mais, francês é um puta furador de fila.

Aparentemente, um veículo intermediário, de três rodas, que nego dobre e amarre no poste é o futuro da França. E muito mais atitude.

quinta-feira, 29 de junho de 2006

Estão me sabotando

Veja bem, eu preciso ir embora no domingo. E por puro sadismo, meus anfitriões fazem o que? um jantar que começa com doces melões canatalupe e presunto, seguido de um pato preparado com mostarda e licor de cassis, e purê de aipo com batata. Tudo isso regado a delicioso vinho francês, e tudo preparado pelo Gilles, que comanda bem uma cozinha linda. Eu até disse pra ele: se algum dia você desistir da sua mulher eu estou livre hein! Sério, fiquei até emocionado, como estava tudo maravilhoso. E eu que nunca fui muito de pato, agora tenho um novo pato preferido (antes era o pan-seared duck do forbidden city em ny) - Canard a la Gilles.

quarta-feira, 28 de junho de 2006

Perdido no caminho


Mal consigo imaginar a sorte de perversões que se passa nesse antro:

Torre - Topo





Torre - Segundo Patamar



Torre - Primeiro Patamar


Torre - Estrutura




Chegando na Torre






"Vai se fuder"

Bom, fui lá na tal da torre. Saí sozinho e sem mapa, metido que sou. Inclusive, por alguma razão que me escapa, todo mundo vem me pedir informação. Obviamente que não sei de nada. Ou ainda, sei pedir informação, mas nunca entendo o que as pessoas respondem.

Chego na torre, que é linda que só a porra, e digo, vai se fuder, torre bonita do caralho. Perto da torre tem uma ponte e em cada canto tem uma estátua. Pois os cavalo da estátuas (ou as estátuas dos cavalos) estavam todos mijados. A parte de baixo do cavalo da estátua estava toda preta, insira aqui sua piada sobre os franceses e as guerras.

Chego na estátua e me defronto com meus três maiores inimigos: turistas, filas e gente fedorenta. Quase desisto de vez de subir. Pego uma fila, sob o sol, atrás de turistas fedorentos e quando vejo, ao longe, uma plaquinha de “quando voce chegar aqui são mais 30 minutos eu digo: vai se fuder. Como só eu sou esperto, percebo que todos os pés de torre tem elevador, e vejo um pé lá longe, o Pé Do Oeste, com uma fila bem pequena. Vou pra lá. A fila anda rápido, rápido o suficente pra eu chegar numa plaquina que diz: escadas apenas. Pensei – que aventura, escadas!!! Que legal.

Subo as escadas até o primeiro patamar. Vai se fuder, que cidade linda, beira o insuportável. Dou um rolê, mas gosto mesmo de altura, e vou pro segundo patamar – na escadaria pro segundo andar, a quantidade de “vai se fuder” vai aumentando, Depois sendo acompanhada de “vai se fuder, já falei”. Todos estes com a entonação da redublagem do Guerra nas Estrelas.

O segundo patamar é ainda mais bonito. Por outro lado está lotado e cheio de turistas, fedorentos, e turistas fedorentos. Qual é a desses caras?? Eles vêm pra França, querem fazer como os franceses e param de tomar banho. Turistas!! Tomem Banhos!!! Vão Se Fuder!!

Fico passeando até reabrirem os caixas pro topo, já que a essas alturas era óbvio que mesmo que as escadas pro topo estivessem abertas, ia ser o último exercício que eu ia fazer na vida, ou ao menos certamente na França.

Pego o elevador, um barato, as pessoas desmaiam, o elevador não chega nunca. Lá em cima é um absurdo de bonito, a essa alturas já estou indignado, e falando, São Paulo, adoro você, minha cidade, mas vai se fuder!!!

Na descida um último truque dos franceses, o elevador vai na diagonal e todo mundo cai que nem dominó.

Desço, tento chegar no ônibus da volta, passo por um parque, que me relembra que parques e desocupados se atraem, e não acho a porra da rua do ônibus. Tudo bem, afinal se perder em Paris é uma forma de conhecer a cidade, desde que, claro, não seja no mesmo lugar. Passei por palacetes rodriguianos, com cascatas e filhotes de jacaré, abismado. No fim, depois de meia hora de caminhada, sem mapa e sem perguntar pra ninguém, achei a rua do ônibus, que aliás estava lotado.

Feliz de estar aqui, vai se fuder, cidade bonita da porra!!

Finalmente

Acordei razoavelmente bem, depois de muito tempo.
meus sonhos estão ficando mais legais:

Sonhei que trabalhava em um supermercado. Em um dado momento como um pedaço de chocolate. Uma moça loira que trabalhava lá, talvez na seção de verduras, pede um pedaço, saboreamos. O chocolate era como o lindt de wafer, mas a embalagem era vermelha (na verdade é azul). Penso que ela tem fome, pergunta se ela quer mais, ela quer sim e dou metade pra ela. Em outro momento, vou pro banheiro, e no caminho do banheiro tinha uma chapelaria, com dois trogloditas, realmente grandes, debruçados pra dentro balcão, tapando a visão. Dou uma olhada e uma menina, não mais que uma adolescente, visivelmente constrangida esta com a camisa levantada, mostrando os peitos pra eles, obviamente sob ameaça. Com certa calma, abro a porta do banheiro e tem outra menina, lá, estranhamente parecida (ou igual?) à menina da chapelaria. Eu digo: me dá sua faca e ela me olha com estranheza, eu repito, eu sei que voce tem uma faca, me dá sua faca. Pego a faca, como uma faca de cortar limões, aliás parecida com a que eu usei na noite anterior pra cortar limões e fazer caipirinhas no jogo do brasil, dou um toquinho com ela nas costas do primeiro troglodita, mais pra ajustar a empunhadura (como se faz com hashi) que pra avisar, e enfio a faca no meio das costas, do lado direito. O segundo troglodita se vira, pronto pra brigar, e faço um corte elegante no pescoço dele. eles vão embora e eu sorrio.

Trabalhei a manhã toda (sim, mesmo nas férias) e abriu sol, agora vou pra bendita torre.


terça-feira, 27 de junho de 2006

é tudo verdade

em pleno metrô, a francesa entra com uma baguete de quase um metro, arranca pedaços e começa a comer, assim, a seco, sem nem uma manteguinha. todo mundo fuma e anda de moto.

fora isso, se tem um país pra viver à base de pão, queijo e vinho, é aqui.

Primeira manhã Parisienne, parte dois

café, na boulevard Exelmans









tomando vinho








Depois andei até a ponte sobre o Sena













Com Vista pra tal da torre
Afinal, pra quem não conhece a cidade, qualquer lugar observa-se a vida passar. E eu nunca dei a mínima pra lugares turísticos...

Primeira manhã Parisienne

Pra variar, passei a noite naquele estado de sonho e delírio, como se tivesse febre.

Um sonho longuíssimo, entremeado por despertares. Em uma parte estava em uma cadeira de rodas a motor, perseguindo uma moça ladeira acima. A ladeira era o final daquela rua do cemiterio, esqueci o nome, antes de chegra no galinheiro grill (esqueci o nome da rua que chega tambem). Tinha mais alguém perseguindo a moça, mas usava a cadeira de rodas a motor pra ir rapidamenta ladeira acima, saltando degraus, e a sensação era verdadeiramente prazerosa. Ultrapassei o competidor e cheguei antes na moça.

A moça era alguém que eu conhecia e estava com outo amigo, me contavam que andaram fazendo base jumping, eu queria fazer também, perguneti onde, já que em volta não tinha nenhum lugar longe o suficiente. Me disseram que tinham pulado do alto de um imenso navio (olha navio aí de novo), e o navio era mesmo alto, enorme, com tempo suficiente pra base jumping. Escalei a parede do navio e cheguei no deck. Não me lembro mais. Depois meu amigo F***** estava la, tivemos uma briga, e ele me deu dois socos na boca, fiquei surpreso pq não senti nada, e me segurei pra não retribuir, sabendo que o machucaria seriamente se o fizesse. Continuei vagando entre sonho e delírio, e a uma certa altura, já crente que todos na casa já haviam ido embora pro trabalho, fui até a cozinha pegar uma água ou procurar o outro banheiro. De cueca. Levo um susto da porra quando aparece o dono da casa, dou um tchauzinho constrangido, e eu não entendi nada, afinal ele deveria estar no trabalho. Descubro que ainda eram oito da manhã e volto pro quarto com sede. Voltei a dormir e sonhei com esta cena, procurando o outro banheiro,e no sonho achei, mas a porta ia somente até a metade, com fios de borracha pendurados como a saída de malas do aeroporto.

Acordei, desfiz a mala, escrevi um longo email que não mandei e fui pra rua. Passeei nos arredores. Como não conheço nada de Paris, qualquer lugar serve, e não dou a mínima pros pontos turísticos. Sentei num café, onde passei umas quatro horas. Pedi uma Pichet de Brouilly e recebi uma Caraffe de sei lá o que, mais um a salada de chevre, e passei a tarde vendo as pessoas passarem, o sol se abrir, e imerso em pensamentos. Lembrei-me de Nietzche e imaginei ele em algum lugar parecido, sentado à sombra, imerso em pensamentos, e lembrei de schoppenhauer, que Nietzche nega no livro que leio, mas que dizia que não havia tédio na mente do gênio, e tive pena que não possa dedicar minhas tardes de pensar alucinadamente à filosofia, e ao invés me perca em preocupações mundanas com meus sócios, parceiros, futuro e outros assuntos de trabalho. Também tive longas conversas mentais com pessoas ausentes, extensivos diálogos, entremeados de citações literárias e filosóficas. Ao final da Caraffe de vinho meu estado já era de leve embriaguez, que me ocorreu, era similar ao do sonho, mas ao menos com um pouco mais de controle e possibilidade de direção.

Vários insights me ocorreram, em especial em relação a Nietzche e Freud. Me surpreendi, lendo os aforismos de Nietzche, em quanto das idéias “originais” que tive ele já as tinha tido antes. Isso é ao mesmo tempo uma frustração e uma honra, e de certa forma, olha como sou pretensioso, me coloca no patamar de Freud, cujas idéias originais, algumas, já tinham sido proferidas por Nietzche, mas não pretendo fundar nenhum império intelectual.


Chegando em Paris

Aeroporto e avenida periférica

segunda-feira, 26 de junho de 2006

Psicanálise, ou Pensamentos no lounge do hotel, a poucas horas de deixar Cannes

Ando rapidamente fugindo do sol, mas ainda assim meu nariz ficou vermelho e pareço um velho marinheiro francês, ou o asterix bêbado.

Estou absolutamente drenado, e esse extremo, assim como a doença de Nietzche acelera meu cérebro e coração, exaurindo o que já não havia de energia pra gastar.

Passei a semana trabalhando como nunca, ultrapassando os limites do esgotamento e chegando a passar mal fisicamente. A Semana foi up – adrenalina ao máximo, ansiedade, expectativas, um papel a cumprir e outro a representar. Estar aos olhos do mundo, vencer meù recolhimento e abordar pessoas, explicar incessantemente o que fazemos, administrar o meu irascível velhinho de estimação, que mesmo tendo cumprido seu papel, cobrou altos impostos da minha paciência.

Aí acaba o festival, as pessoas vão todas embora, meu sócio já foi e ando pela rua dantibes, olhando as montras despreocupadamente e sem amigos com quem conversar. O fim de semana foi down – a contra-curva de tudo que houve

Depois de tanto coisa, meu corpo e alma cobraram seu preço, numa espécie de mal-estar contínuo, mas meu cérebro não desalecera, penso nas mil coisas que tenho que fazer, centenas de follow-ups, na minha vida passada e futura e isso se exagera a um ponto que quando vou dormir pensamentos tornam-se sonhos, e vice versa.

Há quase uma semana tive um pesadelo horrível, acordei com vontade de chorar, e depois quase chorei porque a droga da sensação não me largava mais, e esse sonho remetia diretamente à conversa do dia anterior durante o jantar. Alguns dias depois tive um sonho lindo e perfeito, e ao contrário do pesadelo, esse me deixou rapidamente, e acordei com uma tristeza ímpar daquilo tudo não existir, como se eu realmente tivesse tudo aquilo que tinha no sonho e houvesse perdido.

E assim estou na França, pelas ruas já não tão cheias de Cannes, esse lugar lindo cheio de ruazinhas medievais que eu aprendi a gostar, mas já não suporto estar aqui, hoje de manhã tomei um café da manhã de despedida com meu sócio-velhinho e quando ele começou a falar de trabalho juro que tive pensamentos assassinos.

Escrevi ontem, depois de muitos ensaios, para alguém que me foi muito importante, tendo me dado conta que preciso chegar a termos com minhas escolhas imperfeitas de outra forma. Tracei um paralelo com meu pai, pude entendê-lo melhor, e assim talvez possa vir a termos comigo mesmo, e talvez por entender melhor o caminho dele, eu possa tomar outro.

Em relação a separação dos meus pais – As frases do meu pai são : sou que nem japonês, não volto atrás. Não penso nada no passado. A vida é feita de escolhas imperfeitas. E hoje em dia, meu pai não fala com a minha mãe, se sente mal quando a encontra em raras e acidentais vezes, e deixou de comparecer ao casamento da filha talvez, em boa parte, por isso. Eles estão separados há 20 anos.

E eu entendo, ele sofre – as escolhas imperfeitas, ao contrário do que diz o discurso, tem o poder de assombrar. Claro que temos que seguir em frente, sempre. Mas o que deixou de ser não desaparece, e assim evitamos as situações em que vislumbramos tudo o que não foi. Foi o que tentei fazer, mas não quero ter dor de barriga vinte anos depois. Ou dois. Assim, no que talvez seja um erro, resolvi me abrir a todos os diálogos possíveis, comigo, com o mundo e com o passado. Afinal o Gasparzinho era no fundo um fantasma camarada, mas todos morriam de medo dele.

domingo, 25 de junho de 2006

the atomic sun

From the edge of the deep french sea

Mon Petit Chats, que fucking saudades eu tenho de vocês.
Espero que estejam bem....


sábado, 24 de junho de 2006

Canções tristes como as ruas estreitas quando chove

exceto que faz sol. e estou na frança. fora isso, riscos de fogo, montras, e mortalmente.

sexta-feira, 23 de junho de 2006

video entrevistas

About - Portal da Propaganda
Propaganda e Marketing






Le Martinez











clique.
Muito legal esse Martinez.
Obviamente que não é aqui que eu fico. Eu fico em um hotel meia boca chamado beau sejour onde faxineiras taradas roubam a roupa suja das pessoas

Beaujolais

Jantando, em um lugar que é como um burgo medieval, que se chama algo como "pelourinho". Comi um gaspacho maravilhoso. O dia acaba as 10 da noite. E eu troco de camiseta todo dia, acredite. A foto não mostra bem, mas as olheiras quase parecem um hematoma...

(clique pra ampliar)

Mon dirty clothes parte 2

- O senhor está acusando a minha faxineira, que trabalha aqui há cinquenta anos, de ter roubado suas cuecas?
- não estou acusando ninguém, mas minhas roupas sumiram. Eu saí elas estavam aqui, eu voltei, e não estavam.
- eu não posso lhe dar dinheiro
- quem falou em dinheiro? eu quero minhas roupas!!
- senhor, a faxineira é de confiança e a gente sempre confere o lixo. Mas o lixo já foi recolhido.
- minhas roupas!!
- senhor, sinto muito. se elas não forem encontradas, o senhor terá que acionar o seguro do hotel pela sua roupa suja

já imagino a cena: alô, é do seguro? sim sim. seis cuecas, dez meias, uma camisa e seis camisetas, todas iguais, e mais duas ou três camisetas diferentes. O quê, o senhor quer que eu vá pra onde? clic

quinta-feira, 22 de junho de 2006

mon dirty clothes!!!

- Excusê moi monsier, ma l'hotel has stolen mon dirty clothes.
- comme?
-je cherche everywhere, and mon dirty clothes are gone, disappeared
-comme?
- monsieur, excuse moi, je ne parlez pas français, mas... mon dirty clothes cest disappeared!!!
- Je sui sorry, i'll have to check in the morning
- monsieur, Je knows cest sound tres ridicule, apologie, mas, MON DIRTY CLOTHES!! DISAPPEARED!! JE CHERCHED EVERY FUCKING WHERE!!
_ j'aplogie. on la matine.
-grrrr. dirty clothes???
- La matine.
- oui monsieur. cest tres ridicules. mas je sui tres upset.
-sorry!

segunda-feira, 19 de junho de 2006

Guia dos Banheiros de Cannes

Precisaria ser fotográfico mesmo, mas não vou ficar tirando foto em mictório que ainda acabo preso. Atencao especial ao do famoso hotel Martinez, que faz vc mijar no sapato, de tão grande é o susto na hora que ele, do nada, automaticamente liga agua, o mictório, que é uma mera parede de mármore tem um jato de agua forte que só a porra, e é tão barulhento quando subitamente começa, que vc salta dois metros pra tras em plena mijada - sorte que não tinha ninguém do(s) meu(s) lado(s) senão era encrenca certa, talvez até morte. Saí rindo muito de lá e a concierge do banheiro entrou logo depois possivelmente de mera curiosidade. Atenção também ao do meu hotel, que fica fora do banheiro, no closet, ou melhor, dentro do que seria o armário das vassouras - e não, eu não estava bêbado e achei que o armário das vassouras era o banheiro. juro que tinha uma privada lá. e nenhuma janela. Menção honrosa ao do Carlton, que abaixa e levanta a tampa da privada sozinho, revestindo com um papelzinho e tudo, que vai embora com agua, e seria um sucesso absoluto em qualquer banheiro misto e salvaria muitos casamentos (assim como o tubo de plástico na pasta de dente salvou outros, já que antes eram de metal, e apertou no meio nao volta mais). Menção especial ao do aeroporto de Frankfurt, onde quando vc demora muito, a polícia vem saber se vc tem papel higiênico. Jet lag mais comida da classe econômica é fatal.

Na rua tem uns banheiros movidos a moedinha, e se a coisa continuar assim, acabo precisando de um deles. Se for uma famosa Suicide Booth (como em kilgore trout e futurama) também serve, a certas alturas é até preferível.

Aventuras em Cannes - 2


Fim do primeiro dia de Festival, voltando pra casa. Anoitece as 10 da noite aqui. E essa camiseta (edição limitada) faz um sucesso da porra. Francesinhas ao fundo. Mais sobre as francesas depois.

(clique na imagem pra ampliar)