quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Base Jumping Animal

Ou essa lagarta tem sangue lemingue ou pensa que já é borboleta...

sexta-feira, 9 de abril de 2010

O grave jardim.

Em um imenso e estranho jardim, na vigésima terceira quadra, existe um buraco que atravessa a alma dos vivos.

Esse não é o jardim do Destino, nem do Sonho, mas não é certo quais outros Eternos transitam ali. Temo que todos eles talvez.

Não era um domingo, libélulas bebiam água escura como leite da madrugada. Damselflies ou Dragonflies, cuja vida encerra-se em vinte e quatro horas, às vezes em vinte e três.

Não há sinos que dobrem o suficiente, nem véus, nem lenços, nem pegadas nem a multidão que grita em herméticos silêncios.

Um verde tão extenso, cobrindo inimagináveis ruínas; ao levantar os olhos encharcados às vezes é possível notar a imensa arqueologia de seus subterrâneos e uma estrada de tijolos, nada dourados e sim de bronze, milhares e certamente manchados de lágrimas de diversos tons.

Baixando os olhos mais uma vez, peito atravessado por uma lança de comprimento infinito, levanto e saio andando em busca de ar, atravessando uma nuvem de libélulas, abismado pelo fato de que, em seu único dia sobre a terra, sejam alheias à tamanha tristeza ao seu redor.

terça-feira, 30 de março de 2010

Amor melancólico e cibernético



Uma história de amor e robôs, dirigida pelo Spike Jonze e com patrocínio da vodca Absolut. Achei o filme triste e melancólico, a trilha sublime e o final algo esquisito. Sendo eu, não poderia não gostar. Nem por isso vou largar minha Stolichnaya. Mas recomendo o filme.


"eu tive um sonho em que você perdeu sua perna, e todos no sonho queriam dar suas próprias pernas pra você, mas você escolheu a minha e isso me deixou feliz. Foi o melhor sonho em toda história do sonhar." - Sheldon, o robô.

terça-feira, 16 de março de 2010

Lacrimejantes

As lágrimas podem ser colocadas em vidrinhos e transformadas em grandes coleções, uma imensidão de sabores-memórias, que trazem tudo de volta ao serem delicadamente colocadas, via conta-gotas, na ponta da língua, criando assim lágrimas de segunda geração, que vão para uma coleção à parte, afinal recordar é viver. Como não são coletadas no vácuo, cada lágrima é temperada com os arredores de sua produção. As lágrimas de escritório tem aquela mistura de divisória e pipoca de microondas, perceptíveis até em teste duplo-cego. As de casa tem traços de poliéster e estofamento. Os gourmets sabem: nada como uma lágrima ao ar-livre, com bouquet de clorofila e temperatura de sol. Essas valem tanto quanto trufas brancas. Exceto, é claro, quando suas origens forem insossas como um cisco no olho - nesse caso não valem nem o custo do vidrinho e da rolha



quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Não que eu tenha qualquer relação com isso, já que nunca jamais fiz isso antes, mas mesmo assim gosto do tema. e nunca fiz isso.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

O Neural não está morto, juro. Está vivo como um Urso Dágua, ou mais exatamente, em coma como Kenny, o tomate.

Não, este blog não morreu. Está talvez em coma mas me recuso a puxar a tomada, já que há vestígios de atividade cerebral. Posso acabar tropeçando na tomada, pode ter apagão, mas fora isso me recuso a decretá-lo morto.

O Neural é como um tardígrado, ou urso dágua, um poliextremófilo capaz de sobreviver a temperaturas entre -273°C e 151 °C, anos sem água, mil vezes mais radiação que qualquer outro animal e não apenas sobrevive ao vácuo do espaço como se reproduz lá. Pode ser encontrado em todos os ambientes do planeta terra e em seu estado desidratado sobrevive por décadas e resiste ao nitrogênio líquido, ácidos minerais, solventes orgânicos, radiação e água fervendo. Depois de tudo isso, com apenas uma gota de água, o minúsculo desgraçado volta à vida.

Porque então, perguntará o leitor, este maldito blog tardígrado não volta à vida?

Bem... Entre meu trabalho na produtora, cuidar da minha filha Lucia, que já tem um ano e pouco, meu outro blog, o Diário Grávido, e três livros em produção (ok, baixa a bola: um livro para lançamento este ano pelo Editora Summus, o "Diário de um Grávido", sua continuação, o "Como nascem os pais" e também um romance sobre um assassino de motoboys, com pretensiosas pretensões de ser literatura) e, claro, todos os afazeres cotidianos, o Neural Noise acabou negligenciado. Afinal, algo teria que se perder além das minhas noites de sono. Mas como um tardígrado, o Neural precisa apenas de uma gota dágua pra voltar à vida. Minha impressão é que depois de fevereiro deve chover no pobre urso dágua. Até lá, fiquem à vontade pra acompanhar o diário grávido e havendo saudades inescapáveis, a tag de Escritos está sempre aqui, misturando textos dos quais me orgulho e envergonho, raramente ao mesmo tempo.