Samuel poderia ter vindo ao mundo no começo do mês, mas esperou até o último dia. Parece que o guri não queria nascer, mas as fotos explicam tudo: O nariz não passava pela abertura, claro! Ele estava é entalado.
Nasceu em casa e na água, dentro de uma banheira. Assim que viram aquela barbatana, digo nariz, emergindo pra fora dágua todos gritaram TUBARÃO e correram, menos a Georgia, que deveria estar zureta pela falta de anestesia. Me pergunto se ela estava de touquinha de banho.
Quando a parteira tirou o menino da água, nadando como uma capa do Nirvana, ele estava com o patinho de borracha nos dentes, ou ainda, nas gengivas.
Da água ele passa pro colo da Georgia, mas não cortam o cordão umbilical. Como assim não cortam? Freud explicará? Terá implicaçoes literais? Eu sempre achei que o cordão parava de funcionar automaticamente, mas não, ele fica vivo, pulsando, transferindo oxigênio e nutrientes!! Como The Matrix, só que com um único plug, o futuro umbigo.
Dez minutos depois alguém corta o tal cordão. Qual será a sensação do Samuel? “Hmm, mais mudanças!. Sinto um vazio lacaniano, uma desconexão... Ei meu ar! Meu Ar! Meu Umbigo está sem oxigênio!!! Como eu consigo Ar agora? Ahhhh, aqui!” E o bebê respira para o alívio da platéia, que só falta bater palmas...
De noite ligo pra dar os parabéns e pergunto pra Geo, de brincadeira, se ela ia comer a placenta. Ou se todos iam comer sanduíche de placenta por uma semana.
Ela disse que não.
A parteira vai secar a placenta e transformar em cápsulas, com vitamina B.
Cápsulas de placenta!!
Esse é o verdadeiro encontro entre o primal e o ultra-moderno.
Talvez seja porque é em Miami, um povoado muito próximo dos Eua.
Fora a questão do nariz a Geo disse que o mais difícil do parto é passar a cabeça, que é a pior parte. Depois o resto vai fácil.
Velha história.
Só nao sabia que funcionava nas duas direções, ou desde tão cedo...