quinta-feira, 14 de agosto de 2008

induzam um coma e façam ressonância magnética e punção lombar

A maratona House está começando a mostrar seus efeitos. Isso, claro, além do óbvio que é certo número de pessoas dizer que o House sou eu. Só porque ambos somos mancos, nos falta um pedaço de músculo na coxa, fomos inspirados no sherlock holmes, temos um coadjuvante amigo único mas meio bobo, somos drogaditos, estamos sempre certos, e quando não estamos é parte do processo para estar, temos alguns cabelos brancos, ocasionamos prejuízos físicos e morais aos que nos cercam, tivemos moto, não fizemos fisioterapia direito e sabemos que seu problema não é Lupus nem MS e sim parasitas no olho ou gonorréia cerebral. Aliás talvez uma pequena diferença, o amigo bobo dele é um oncologista que gosta de pessoas, enquanto o meu é quase um house, só que em vez de médico é advogado, e em vez de fazer de tudo pra salvar pacientes faz de tudo pra livrar supostos corruptos inocentes de suas merecidas penas injustas acusações.

O efeito em questão foi uma sucessão de pesadelos dos quais pouco me lembro. O episódio da noite anterior aos sonhos foi um em que um velhinho de 88 anos precisava de um transplante cardíaco, que é recusado e tudo que lhe sobra é um coração com gonorréia de uma gordinha que ganhou a gonorréia de seu marido, nada menos que o telepata de “heroes”, fazendo no house praticamente o mesmo papel menos a telepatia. Aos sonhos. Em um deles eu estava prestes a receber um transplante de coração ou uma outra cirurgia cardíaca de alto risco. Pediram minha permissão pra me apagar e começar o processo. Em um misto de desespero e estranha calma, dei o meu ok – quanto antes começa antes termina. No sonho eu já tinha passado por isso antes e era essa a razão da minha ansiedade -sabia o que me esperava ao acordar – muita dor, um pós-operatório lento e dias no hospital enquanto o osso serrado no peito cicatriza e etc - ou seja, o que me esperava era uma semana no hospital parecida com a que eu de fato passei. Começaram a anestesia e a sensação era a mesma que temos quando nos percebemos adormecendo, o que não deixa de ser um tipo de morte. De alguma forma a operação aconteceu e não-aconteceu – eu tinha uma cicatriz horrível no peito (igual à que o House tinha na perna) mas meu problema não estava resolvido e eu tinha que discutir coisas com pessoas estranhas em ruas de areia com casebres na bahia. Pessoas tentaram atirar em mim com aquela arma de arco-e-flecha, acho que uma besta. Nessa noite acordei e voltei a dormir algumas vezes, voltando a um estado de sonho. Acordei com imensa dificuldade, suado e com olheiras profundas. Olhei para o peito e não tinha nenhuma cicatriz. A sensação permaneceu ao longo do dia e já olhei mais algumas vezes pra ter certeza que não tem nada lá.

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