segunda-feira, 2 de abril de 2007

Deptra dseam 3sub 21and

Acordo sete da manha para ir ao hospital visitar meu velhinho, que estava operando seu cancer. Meus dentes comecaram a bater e fui obrigado a dormir mais meia hora, dessa vez de meias e pullover, pra conseguir sair da cama depois. Nao eh novidade que odeio acordar cedo, mas no ar gelido do meu quarto a coisa tava feia.

Chegando no metro um cara estava tocando um mini-violoncelo, ou um violino gigante. Uma musica linda, fiquei meio tocado. Ouvi um pouco, dei uma moeda e fui pro trem. No caminho um mendigo me pede um trocado e resmunga algo apontando pro musico. Mesmo sem entender as palavras dele sei que ele disse "vc deu pro musico e nao vai dar pro homeless faminto?" Saco um dolar e dou pro homem. Quase meia hora depois me dou conta qual era a musica: kronos quartet tocando philip glass, em especial, a musica que usei no meu projeto dream74. Ah esse mundo das coincidencias, que existem e sao apenas meras.

Algumas coisas no trem me chamaram a atencao, e anotei rapidamente no meu celular, em um codigo mnemonico pra nao precisar escrever tudo naquele tecladinho. Algo que com certeza ao ler eu iria me lembrar.

Os codigos eram:
picasso no trem (cartaz de exposicao da influencia do picasso na arte americana)
deptra (???????)
dseam 3sub 21and (?????)
Esse ultimo ainda escrevi com numeros com a certeza que seria mais facil assim. Eu sei que eu tenho alzheimer, mas nao consigo matar minhas proprias charadas? caraca. Essa alias tava na linha fina do Onion News Network, que lancou agora. "Ladrao de banco preso se arrepende de ter enviado charadas para a policia"

Chego no hospital, que era longe pra burro (rua 168. eu moro na 13) e pego a fila de identificacao dos visitantes. Me dou conta que estou sem documentos. Nao entrando em panico, ativo o sistema de flashbacks uteis, me lembrando de um dia que um erro da policia federal provocou uma gigantesca fila de velhinhos no centro de SP. Eu era reporter-estagiario do JT e quando cheguei para cobrir nao tinha mais velhinho algum. E a policia nao me deixava entrar. Vi uma garagem e entrei no predio na surdina. Achei um delegado e entrevistei-o brevemente. Enquanto isso li algo que estava na mesa dele, de ponta-cabeca pra mim. Pareceu importante. Estava todo orgulhoso de mim, me sentindo o proprio reporter-investigador-ninja-mais-esperto-que-os-outros, e ainda tinha batido o olho em informacoes secretas. de ponta-cabeca! Meu editor nao apenas nao ficou impressionado como nao ficou impressionado.

Terminado o flashback, ou seja, de volta no hospital, saio discretamente da fila. Vejo algumas pessoas passando pelo guarda e apresentando passes. Finjo que estou no telefone. Quando uma pequena multidao passa pelo guarda eu vou junto. Demorei pra achar a sala de espera pq tive medo de perguntar e alguem pedir a droga da ID.

Encontrei a Carol e sua amiga, e conversamos bastante enquanto esperavamos. Ela contou que o Larry estava muito nervoso antes de ir pro hospital. Que ao passar spray de cabelo no cabelo, (coisa comum aqui nao so entre trumps) acertou o olho e saiu dizendo AHHHH ESTOU CEGO ESTOU CEGO!!!

Enquanto almocavamos eu carol e amiga, contei com sucesso duas piadas de alzheimer. Em troca ouvi uma historia veridica, de uma moca de 68 anos de idade, casada, tendo um caso com um cara casado. De 80!!!! Ouvi algo sobre milagres da medicina moderna e presumo que eles facam sexo. O que invitavelmente me leva a evitar perguntar se eles tb faziam sexo. Ou se meus avos ainda fazem. brrrr.

E tem mais ainda: ele vai largar a mulher.
Mas quer ser livre e aproveitar a vida.
Assim falou para a amante nao largar o marido, mas eles podem continuar se encontrando.

E eu, que tinha esperancas de amadurecer com a idade...

(fade out ao som de kronos quartet tocando philip glass)

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