segunda-feira, 14 de maio de 2007

Meia-noite na estação do céu e do inferno

A Estação 51/Lexington em Manhattan fica embaixo do prédio do citibank (nerds: edifício baxter), ao lado de uma igreja estranha e sempre tem bastante mendigo ali em volta possivelmente atraídos por alguma sopa da dita igreja.
A primavera novaiorquina tem noites cruéis e essa não era das piores. Ainda assim mendigo há. Embrulhados em doze casacos, empurrando carrinhos de feira cheios de algo dentro de um saco de lixo, deitados em qualquer beiral que não tenha sido implantado com serrilhas diversas. E dentro do metrô tinha muito mais. Levei um tempo para entender porque ainda tinha mendigos fora se ali era tão mais quentinho. Engraçado como o óbvio nos escapa, o que separa os mendigos de fora dos de dentro são dois dólares por noite. No mundo dos mendigos "de luxo", apesar do mix, nem todo mundo parece crônico, tinha muita gente que parecia ter sido jogada de algum lugar da classe média ao zero absoluto, pessoas com apenas dois ou três casacos e nenhum lugar pra ir e ninguém para telefonar. Dois dólares mais ricos que seus colegas. Ou será que não? Os mendigos de fora enfrentam o frio mas dormem deitados. No metrô é proibido colocar o pé no banco ou ocupar mais de um lugar, logo é proibido dormir deitado. Eles passam parte da noite pescando de sono com a cabeça, sentados no calorzinho. Queria muito ter tirado fotos mas achei que seria inapropriado de alguma forma e tirei apenas uma foto tímida. E quando o trem chega só eu entro. O trem parece aquele onde o neo acorda na estação infinita, ao menos na iluminação ou therefore lack of. Um trem fantasma. E dentro vários mendigos dormindo nos bancos. Deitados mas sujeitos a terem que sair do trem sabe-se lá onde se importunados, dada sua violação da "nova regra". Provavelmente eles escolhem a linha verde por alguma razão, mais escuros e menos patrulhados quiçá. A viagem é quase sobrenatural e parece que a qualquer momento a próxima estação vai ser no cemitério dos mortos-vivos, no filme matrix ou no clipe de thriller do michael jackson. Cinco trechos de túnel escuro depois baldeio em Union Square, que apenas nesse momento e em contraste fica parecendo a disneylandia.





6 intromissões:

Anônimo disse...

Contrastes...Eles às vezes me deprimem sabia?

Anônimo disse...

talvez você também os deprima e de alguma forma, então, vocês estão quites

Neural disse...

Ana, Quais contrastes? entre os mendigos de la e os daqui? entre os que tem dois dolares e os que nao tem? Não acho que contrastes em si sejam passiveis de serem deprimentes - certos contrastes podem se-lo, claro, mas nao como grupo. Ou talvez contrastes nao seja o que vc queria expressar.

Anonimo: Eita. Basta a máscara do anonimato pras pessoas pararem de fazer sentido. rsrsrs. De qualquer mnaneira convém tomar cuidado com contrastes deprimidos, são perigosíssimos!

Anônimo disse...

para mim deprimentes são os (des)encontros como os da hq do seu amigo...

Author disse...

Concordo com o que o anônimo disse...

Neural disse...

engraçado mesmo ficou o permalink, que não aceita acentos e os exclui automaticamente: http://thelusions.blogspot.com/2007/05/meia-noite-na-estao-do-cu-e-do-inferno.html