domingo, 25 de fevereiro de 2007

A hora da UTI

Depois de ser carregada por formiguinhas, a ambulância chega ao hospital após quase capotar em uma ladeira (a entrada do formigueiro talvez?). A equipe de emergência vem me dar oi e minha maca acelera pelos corredores do hospital rumo ao primeiro atendimento. Olho para a enfermeira que empurrava velozmente a maca e digo: “se eu soubesse que as enfermeiras eram tão bonitas aqui tinha batido a moto muito antes!!”

A moto, digo, a maca entra na emergência. Uma médica pede permissão para rasgar minhas roupas ou se eu consigo tirar elas sozinho. Pergunto se ela não prefere esperar até eu sair do hospital. Ela diz “tenho pena de rasgar uma camisa tão bonita”. E era mesmo, presente do meu cunhado larry e predileta, mas já estava rasgada e com sangue e eu mando cortar mesmo. Também cortam meu sapato e a calça. Feliz de ter saído de casa com uma linda cueca francesa com um tigre, olho surpreso para os presentes, que riem, e digo “hello? Hello!? Paciente com dor!!! Me dêem morfina ou um tiro na nuca!!”

Um médico chega com uma injeção de, sei lá, Fentanyl, e diz que eu vou me divertir com isso. Não sei o conceito dele de diversão mas o negócio me deu um enjôo horroroso, nenhum barato e nem diminuiu a dor. Ou seja, igual antes plus enjôo. O médico olha pra minha cara e imagina que na famosa tabela de zero a dez eu deveria estar em nove. Aí ele resolve me da uma injeção contra enjôo, que me permite concentrar na dor de novo, e uma de morfina, que ao contrário da lenda não tira a dor nem dá barato. Digo pra ele: adoro o senso de humor dos médicos, mas você pode me dar algo além de soro fisiológico? Ta perdendo a graça isso e além do mais sou naturalmente resistente a placebos.

Chega o Dr Túlio, que olha meu pé e diz que precisa operar já, que enquanto não colocar no lugar não vai parar de doer mesmo. E diz que tem uma verdadeira buceta na minha coxa, também conhecida como um corte estrelado. Pergunta se meu joelho dói e eu digo que claro que não dói, meu joelho estava ótimo e pra ele consertar logo meu pé.

Meu primo médico tinha acabado de chegar e resolve contribuir com seu conhecimento específico, urologista que é, e passa a insistir que eu preciso fazer um exame do toque antes de ir pra cirurgia, e ri e me mostra o dedo. Por alguma razão que me escapa o senso de humor dos outros é muito menos engraçado que o meu.

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