terça-feira, 27 de junho de 2006

Primeira manhã Parisienne

Pra variar, passei a noite naquele estado de sonho e delírio, como se tivesse febre.

Um sonho longuíssimo, entremeado por despertares. Em uma parte estava em uma cadeira de rodas a motor, perseguindo uma moça ladeira acima. A ladeira era o final daquela rua do cemiterio, esqueci o nome, antes de chegra no galinheiro grill (esqueci o nome da rua que chega tambem). Tinha mais alguém perseguindo a moça, mas usava a cadeira de rodas a motor pra ir rapidamenta ladeira acima, saltando degraus, e a sensação era verdadeiramente prazerosa. Ultrapassei o competidor e cheguei antes na moça.

A moça era alguém que eu conhecia e estava com outo amigo, me contavam que andaram fazendo base jumping, eu queria fazer também, perguneti onde, já que em volta não tinha nenhum lugar longe o suficiente. Me disseram que tinham pulado do alto de um imenso navio (olha navio aí de novo), e o navio era mesmo alto, enorme, com tempo suficiente pra base jumping. Escalei a parede do navio e cheguei no deck. Não me lembro mais. Depois meu amigo F***** estava la, tivemos uma briga, e ele me deu dois socos na boca, fiquei surpreso pq não senti nada, e me segurei pra não retribuir, sabendo que o machucaria seriamente se o fizesse. Continuei vagando entre sonho e delírio, e a uma certa altura, já crente que todos na casa já haviam ido embora pro trabalho, fui até a cozinha pegar uma água ou procurar o outro banheiro. De cueca. Levo um susto da porra quando aparece o dono da casa, dou um tchauzinho constrangido, e eu não entendi nada, afinal ele deveria estar no trabalho. Descubro que ainda eram oito da manhã e volto pro quarto com sede. Voltei a dormir e sonhei com esta cena, procurando o outro banheiro,e no sonho achei, mas a porta ia somente até a metade, com fios de borracha pendurados como a saída de malas do aeroporto.

Acordei, desfiz a mala, escrevi um longo email que não mandei e fui pra rua. Passeei nos arredores. Como não conheço nada de Paris, qualquer lugar serve, e não dou a mínima pros pontos turísticos. Sentei num café, onde passei umas quatro horas. Pedi uma Pichet de Brouilly e recebi uma Caraffe de sei lá o que, mais um a salada de chevre, e passei a tarde vendo as pessoas passarem, o sol se abrir, e imerso em pensamentos. Lembrei-me de Nietzche e imaginei ele em algum lugar parecido, sentado à sombra, imerso em pensamentos, e lembrei de schoppenhauer, que Nietzche nega no livro que leio, mas que dizia que não havia tédio na mente do gênio, e tive pena que não possa dedicar minhas tardes de pensar alucinadamente à filosofia, e ao invés me perca em preocupações mundanas com meus sócios, parceiros, futuro e outros assuntos de trabalho. Também tive longas conversas mentais com pessoas ausentes, extensivos diálogos, entremeados de citações literárias e filosóficas. Ao final da Caraffe de vinho meu estado já era de leve embriaguez, que me ocorreu, era similar ao do sonho, mas ao menos com um pouco mais de controle e possibilidade de direção.

Vários insights me ocorreram, em especial em relação a Nietzche e Freud. Me surpreendi, lendo os aforismos de Nietzche, em quanto das idéias “originais” que tive ele já as tinha tido antes. Isso é ao mesmo tempo uma frustração e uma honra, e de certa forma, olha como sou pretensioso, me coloca no patamar de Freud, cujas idéias originais, algumas, já tinham sido proferidas por Nietzche, mas não pretendo fundar nenhum império intelectual.


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