sábado, 8 de julho de 2006

Le Moulin Rouge, 2002










Às 9h da manhã o telefone toca. É o Roberto Sadovski, editor da SET: “Precisamos de alguém aí em Nova York pra entrevistar o Baz Luhrman, em uma hora. Topas?” Pulo da cama e corro para o Morgans Hotel, na avenida Madison. Chego esbaforido e o porteiro avisa “Moulin Rouge, elevador da direita”. Mas nada na telefonema havia me preparado para o mundo de cortinas vermelhas que se abriu junto com as portas do elevador.

De saída, duas lindíssimas cortesãs francesas de lingerie e plumas me pegam pelo braço, e me levam para a sala de espera. Descubro que sou o último da fila para a entrevista, que aliás vai atrasar. A seleção musical é composta de Lady Marmelade e My Song, sem parar. Sem parar, sem parar. Insuportável...

O barman prepara uma bebida verde. “Absinto?”, pergunto entusiasmado. “Apple Martini”, responde ele. São onze da manhã. Minha entrevista vai ser só às 3h. Outra cortesã entra na sala e põe um morango na minha boca. Já me esqueci da entrevista.

Horas depois, uma loira alta diz “vem, está na hora do seu passeio”. Meu coração dispara... Andamos através de cortinas vermelhas até uma porta, e uma menina de smoking avisa que a sala está pronta. A cortesã me puxa pela mão e súbito me vejo no quarto de Satine. Eu deito na cama. A menina de smoking tenta me mostrar alguma coisa do DVD (os astros? Ou a dança?) mas meus olhos não largavam a lingerie preta.

A próxima parada é a sala do Absinto, com boêmios em almofadas e um divã. Quando eles começam o discurso sobre o DVD, eu pergunto: “quantas vezes você já repetiu isso hoje?” Todos riem, alguém me pergunta furtivamente se eu quero absinto. Me servem um liquido verde, e quando levo o copo à boca, cores e luzes verdes e azuis se alternam em extrema psicodelia. Engulo a bebida e comento com a fada verde “que gosto horrível”. Ela pisca e diz que é gatorade, mas tem apple martini na entrada.
E eu não sei?

Depois de mais quatro salas extraídas diretamente do Moulin Rouge e mais outra sessão de martinis e bate-papo, a chefe das cortesãs finalmente aparece para me buscar: É minha vez! Pego meu bloquinho e minha mochila, trançando as pernas já, enquanto minhas "francesinhas" se despedem soprando beijos.

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