quinta-feira, 13 de julho de 2006

Para Proteger os Cidadãos da Necrópole

Da janela do ônibus, em frente a um ipê, vejo arame farpado no muro do cemitério. Que coisa. Para proteger quem de quem, mortos ou vivos? Afinal, qualquer vivo pula um muro com arame farpado. Já os mortos tem grande dificuldades com muros, devido ao rigor mortis, decomposição e restos de tecido ficam presos no tal arame farpado. Por isso que em clip de michael jackson eles saem pela porta e andam em coreagrafia, puro rigor mortis.
Preciso confessar que quando mais jovem já invadi cemitérios, mesmo de noite. E já fumei charuto de macumba. E já saí correndo do cemitério, em puro pânico, rasgando (ainda mais) a calça. O muro na ida é fácil. Difícil é na volta, desesperado. Mas esse arame farpado aí, não tenho nada a ver com isso.



Isso tudo me lembra um poema do AC Swinburne, que eu gosto muito:

From too much love of living,
From hope and fear set free,
We thank with brief thanksgiving
Whatever gods may be
That no life lives forever;
That dead men rise up never;
That even the weariest river
Winds somewhere safe to sea.

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